domingo, 13 de fevereiro de 2011

Iluminismo

Ao contrário dos regimes absolutistas, os regimes parlamentaristas holandês e inglês, nos quais predominava uma burguesia dinâmica e culta, e através das leis executadas, introduziram novos conceitos homem-sociedade-poder na sociedade, colocando esta última acima do poder e do Estado. Estas ideias individualistas constituíram o Iluminismo - corrente filosófica humanista, que teve início no séc. XVIII. O Homem é a dimensão de todas coisas; o Homem é o centro de todas as coisas; Deus não é a primeira dimensão. Com o Iluminismo pretendia-se "mudar" o destino através da mobilidade social, algo que a Igreja rejeitava (se se nasce rico, morre-se rico; se se nasce pobre, morre-se pobre). Mas o Iluminismo é racionalista - compara e mede as coisas. Portanto, o Iluminismo opunha-se fortemente ao Absolutismo, e os seus ideais chegaram à sociedade através de debates políticos que partiam de assuntos dos jornais, normalmente em cafés, e que vieram consciencializar o cidadão para a política, ajudando-o a desenvolver uma opinião.



Como tudo, o Iluminismo teve certas repercussões a nível cultural (desenvolvimento científico, artes e literatura, aparecimento de filósofos), a nível social (passou a existir uma enorme mobilidade social) e a nível político (aparecimento do Liberalismo, doutrina política resultante dos ideais liberalistas, que pôs um fim definitivo ao Absolutismo).



Princípios Iluministas

Um dos princípios iluministas era, de facto, a tolerância, isto é, respeito por toda e qualquer diferença. Contudo, para pôr em prática esta tolerância, era necessário ser-se racional. Era necessário pensar pela razão. A partir da iluminação do espírito humano, a sociedade passa a observar o Mundo através da razão. O Iluminismo pretende assim incentivar o ser humano a ultrapassar as barreiras que eram as crenças (nomeadamente a crença divina), e passar a pensar por si próprio. Deixar a emoção de lado, e pensar através da razão, e derrubar as normas e leis passadas, e acreditar na Natureza como ela se rege, e não como a sociedade a pinta.
É o condenação da sociedade hierarquizada, já que esta é emotiva e, deste modo, não é justa.


John Locke, filósofo inglês defensor da tolerância


O Iluminismo apostava também na liberdade - ser-se livre a optar, e não ser obrigado a fazer algo com que não se concorde. Não é justo impôr-se ou negar qualquer religião, por exemplo, a um indivíduo, pois as opiniões não são necessariamente as mesmas, do mesmo modo que o Rei também não poderá intervir no pensamento dos seus cidadãos. Os iluministas criticavam também a escravatura, resultante na maior parte das vezes da colonização: as classes sociais não deveriam ser diferentes perante a Lei, e a condição natural das colónias deveria ser preservada, pois todos os homens têm direito à mesma liberdade.

A educação foi também algo por que os iluministas lutaram, pois esta traria liberdade mental aos cidadãos,ensinando-os a raciocinar através da Razão. Porém o aparecimento das escolas foi, inicialmente, nas cidades; as mulheres da cidade, quando trabalhavam, teriam de deixar os filhos nas escolas, o que fazia com que as crianças começassem a exercitar a mente desde cedo.
A luta pela educação numa idade jovem, especialmente aos 12 anos que era o período em que a mente mais se desenvolvia, era algo bastante apoiado por Jean-Jacques Rousseau, um filósofo da época, pois um povo culto teria acesso àquilo de que tinha direito. Rousseau apelava assim à infância, porque uma criança que tivesse uma infância feliz, seria mais tolerante e saberia fazer melhor uso da Razão na idade correcta.



Jean-Jacques Rousseau


Finalmente, e falando do campo político, o filósofo iluminista Montesquieu estruturou a divisão de poderes (poder legislativo, poder executivo, poder judicial) que constituiriam o regime liberal. Desta maneira, pôs-se um fim ao Absolutismo, no qual o poder estava centrado nas mãos do soberano, e o povo passou a poder eleger o Parlamento. Assim, o poder é posto sobre a suprema direcção da vontade geral - do povo.
Passa-se a ser soberano e súbdito: soberano quando se vota, e súbdito quando se é submetido às leis do Estado.



Montesquieu


Concluindo, o Iluminismo luta contra todas as cadeias da sociedade hierarquizada, para que haja mais mobilidade social e os cidadãos consigam ascender através dos seus esforços e não através da hereditariedade.