sábado, 16 de outubro de 2010

Os Impérios Português e Espanhol: do lucro à decadência

Os impulsionadores da Expansão Marítima, como havia mencionado antes, foram os países ibéricos. Porém, estes optaram por diferentes maneiras de comercializar. Portugal, devido à reduzida população que possuia, optou por ir ao encontro dos povos africanos e tentar comercializar através da comunicação. Além deste tipo de penetração, também construíram postos de comércio - as feitorias-fortaleza ou apenas feitorias - as quais devido à sua localização geográfica, perto do mar, recebiam os produtos e mercadorias vindos dos barcos. Os principais produtos comercializados para Portugal eram o ouro e os escravos no séc. XV, sendo que o ouro vinha de feitorias como a de Arguim e da Mina, e os escravos vinham, inicialmente, do Congo e depois de Angola, devido à sua condição geográfica, mais próxima do litoral.

Foi também no séc. XV que foi descoberto o caminho marítimo para a Índia, por Vasco da Gama, e foi possível, deste modo, realizar-se o comércio de especiarias com o Oriente. Porém, ao contrário dos povos de África, foi complicada a comunicação com os povos do Oriente, já que estes estabeleciam comércio com os povos muçulmanos e, como se tem conhecimento, estes haviam já andado em guerra com os portugueses.
Assim, de modo a garantir o comércio com a Índia, foram criadas colónias governadas por capitães sob orientação do vice-rei, que eram povoadas por colonos vindos da metrópole (o que facilitava o seu controlo, já que estes colonos estavam já habituados à presença dos portugueses no seu território) e protectorados governados por príncipes indígenas, provavelmente filhos de nobres, aliados ao rei de Portugal, que possuiam fortalezas ou outros territórios de população portuguesa. Estes dois estabelecimentos, eram criados para tributar ou cobrar impostos sobre os produtos que aí chegavam. Porém, nas feitorias feitas noutros países, que se destinavam exclusivamente ao comércio, os portugueses deveriam pagar impostos aos soberanos destes países.



A detenção do comércio com o Oriente proporcionou ao Império Português o total controlo do comércio marítimo - monopólio régio - e, deste modo, os outros países apenas poderiam comercializar com a Índia com a autorização dos portugueses.

Procedeu-se à criação da Casa da Índia, centro de todo o comércio marítimo e administração do Império, que estava sob a supervisão do Estado português e controlava todo o tráfego de mercadorias de e para o Império, e as tributava. Com isto, o Rei de Portugal pôde controlar todo o comércio, lucrando com os impostos pagos sobre os produtos, e tendo ordenado que nenhum feitor ou qualquer outro indíviduo pudesse tomar posse de qualquer produto, ou levá-lo de ou para qualquer lugar sem ter sido tributado, sob pena de perder a sua casa e suas possíveis terras.



Isto iria benificiar o Império, em termos que o Rei possuía o registo de todos os produtos a circularem para dentro e fora do país, e ainda conseguia que algum dinheiro entrasse, através dos tributos impostos nas mercadorias.


Contudo, a Nobreza, cuja função era principalmente participar na guerra e servir o Rei em tarefas administrativas, ao ver que podia lucrar e fazer fortuna na mercancia, e sendo uma classe interesseira, decidiu tomar os cargos ligados à Expansão. Porém, esta classe não investiu o lucro no desenvolvimento do país, o que mais tarde foi prejudicial e incentivou um atraso no desenvolvimento de Portugal em relação aos restantes países europeus, e aplicou a sua fortuna em bens sumptuosos e em distracções.
Contrária à Nobreza, estava a Burguesia - classe social que bastante lucrou com a expansão ultramarina, já que detinha grande parte do comércio externo nacional. Porém, esta classe, constituída por pequenos-burgueses que continham fortuna, teve várias dificuldades em afirmar-se, já que não só haviam indivíduos estrangeiros que vinham para Portugal atraídos pelos lucros e privéligos, e que dispunham de uma maior fortuna e técnicas do que os Portugueses, mas também devido à falta de capitais. Os nobres e a Coroa eram os únicos responsáveis pelo investimento, o qual era feito através de actividades dispendiosas, e Portugal era um país que não investia frequentemente.

Outro problema presente no Império, era a emigração da população portuguesa, em busca de conseguir criar uma pequena fortuna nos países estrangeiros, no séc. XVI. Estes, lucravam fora de Portugal, e não investiam no país de origem. Porém, devido ao contacto com outros povos, aqueles que regressavam com 'os bolsos cheios', traziam com eles novas culturas e tradições.




Em relação ao Império Espanhol: este teve uma diferente maneira de comercializar. Procedeu à força das armas, à conquista e colonização de territórios da América no séc. XVI. Escravizaram os índios americanos que, posteriormente, ficariam a trabalhar nas minas na exploração de metais preciosos: o ouro e a prata. O saque destes metais, no início, foi escasso, como se observou num gráfico na aula, já que os índios escravos não estavam habituados à escravatura e, também devido às condições a que eram sujeitos, ficavam mais receptivos a doenças e acabavam por morrer.





Contudo, o ouro e a prata eram metais raros e preciosos, pelo que Sevilha, cidade de onde as primeiras caravelas espanholas haviam partido para a Expansão, se tornou o novo centro de comércio, mais importante do que Lisboa. Isto levou à criação de uma instituição similar à Casa da Índia: a Casa da Contratação, que tinha as mesmas funções que a Casa da Índia, mas pertencia ao Império Espanhol, que passaria a deter também o monopólio régio.

Para garantir que não haviam guerras entre Portugal e Espanha devido aos territórios ocupados ou por ocupar, foi assinado um Tratado - o Tratado de Alcáçovas, em 1480, que dividiu o Globo em duas partes, pertencendo os territórios a sul do Cabo Bojador a Portugal e as terras a Norte desse Cabo pertenciam a Espanha, exclusivé o Arquipélago da Madeira e dos Açores. Apesar disto, só ao assinarem o Tratado de Tordesilhas, em 1494, é que Portugal e Espanha marcaram definitivamente as suas áreas de expansão e comércio. Pensa-se que na altura, Portugal já teria conhecimento do caminho marítimo até ao Brasil, já que apenas 6 anos mais tarde foi oficializada a descoberta do mesmo, que pertencia a território português.



Na imagem acima pode verificar-se que a proposta espanhola abrangia a região do Brasil, na altura conhecida por Portugal, que provavelmente, terá apresentado outra proposta.

Este tratado, veio também garantir a exclusiva navegação nos mares do mundo, ao contrário dos outros países, que teriam de pagar impostos para neles comercializarem. Esta doutrina designava-se por Mare Clausum, ou Mar Fechado. Contudo, países como a Holanda e a Inglaterra, futuros grandes centros de comércio, opuseram-se a esta medida, passando então a chamar-se Mare Liberum ou Mar Livre.



Com o passar dos anos, e devido à condição geográfica em que se encontravam, Portugal e Espanha entraram em "decadência". Estes, situavam-se longe dos grandes centros de comércio, onde o desenvolvimento acontecia com grande rapidez. Além disto, as mercadorias começaram a chegar a Portugal e Espanha apenas de passagem, tendo destino países como a Holanda ou a Inglaterra, que compravam os seus produtos.  Deste modo, o lucro e o investimento não chegavam a estes dois Impérios anteriormente importantes.

Foi a partir do séc. XVII que Portugal deixou de ser um país de prestígio. Porém, ainda hoje existem provas (monumentos) que indicam que Portugal teve, realmente, momentos ricos durante a Expansão.


Mosteiro dos Jerónimos, a que chamavam Mosteiro da Pimenta devido ao comércio das especiarias.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Iniciando a História

Embora já tenhamos começado a falar de História há perto de um mês, e devido à criação adiada do Blog, só começarei a escrever hoje, fazendo uma breve revisão dos conceitos estudados nas aulas anteriores.


A verdadeira introdução à História B foi iniciada através da leitura de determinados documentos.
Um deles falava da memória colectiva e da memória histórica. Memória colectiva é a recordação ou conjunto de recordações de uma experiência vivida ou mitificada por uma determinada colectividade viva cuja identidade integra o passado. Ou seja, feitos e experiências que ficam na memória de um determinado grupo, família, nação, e que tiveram uma determinada importância para este. Em contrapartida, a memória histórica é uma memória unitária, comum a todo o Mundo, relacionada com o Saber e a Ciência.


Foi também lido um documento o qual nos explicava a importância e utilidade da História. O estudo desta Ciência permite-nos a localização de certos acontecimentos no espaço e no tempo, além de nos ajudar a compreender os antecedentes e precedentes de certos problemas do passado, de modo a evitá-los ou a arranjar uma solução para os do futuro.



Mais tarde, falámos da importância da periodização, que dividia o tempo histórico em 4 idades: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea, que são importantes para o historiador localizar e organizar os determinados acontecimentos nos devidos períodos.
Também a tridimensionalidade do tempo é necessária para a compreensão da História, isto é, o tempo curto, o tempo médio e o tempo longo. O tempo curto, ao qual não se atribui tanta importância, define o acontecimento em estudo. O tempo médio define as consequências do referido acontecimento. E, por fim, o tempo longo define as possíveis mentalidades, ideais ou problemas ainda presentes hoje em dia, que estejam relacionados com o mesmo, ou algo que tenha levado tempo, mas que tenha causado uma mudança notória no presente (exemplo da evolução da tecnologia).
  



Depois da análise de alguns gráficos e documentos, foi possível, além de tudo isto, perceber que a diversidade de ritmos é algo a ter em conta no estudo da História. Nem todos os países/povos têm o mesmo ritmo de desenvolvimento. Aliás, hoje em dia, é possível notar as diferenças, até mesmo no nível de vida, de determinados países. E num determinado local onde a evolução tenha ocorrido a um ritmo acelerado, noutro talvez esta evolução ainda esteja em processo.



Nas aulas mais recentes, iniciámos o estudo do séc. XVI-XVII. Neste período, a base da Economia e da população era essencialmente a actividade agrícola. Porém, o crescimento demográfico acelerado e a deslocação e concentração das pessoas nas cidades, puseram em causa a sustentação alimentar das populações, o que levou à procura de uma outra actividade que satisfizesse as suas necessidades alimentares. Foi, então, desenvolvida uma indústria ainda muito ligada à agricultura, embora os centros ficassem nas zonas urbanas. Estas, cresciam cada vez mais, devido à população que vinha povoar, em massa, estes centros, já que nestes encontravam uma maior empregabilidade.

Porém, ao longo da Idade Moderna, houve também várias hesitações do crescimento, que tiveram origem nas crises de subsistência e nas crises demográficas. Os acidentes climáticos e as guerras, destruiam as culturas de subsistência, e desta maneira, não havia produção, logo, não havia alimento. Isto, enfraquecia os organismos da população, que ficava assim mais exposta a doenças e pestes. Em contrapartida, quando a produção era escassa, os alimentos tornavam-se mais caros, tal como foi possível verificar num gráfico estudado na aula, em que o preço do trigo e a mortalidade desciam e subiam ao mesmo ritmo. Todos estes factores em conjunto, contribuiram para um aumento da mortalidade e uma descida da natalidade.


Por fim, iniciámos o estudo da Expansão Ultramarina, que foi impulsionada pelos países ibéricos (Portugal e Espanha), com diferentes objectivos.
Portugal tinha como objectivo a exploração comercial e a dispersão territorial, e partiu assim, em 1415, para a expansão, visto que necessitava de produtos para manter a subsistência da sua população. Mais tarde, tendo já explorado diversas regiões de África como a Guiné, Angola e Moçambique, e tendo descoberto o Brasil, foi possível desenvolver um Comércio Triangular. Este, consistia na troca de produtos europeus por escravos, em África, e posteriormente a troca desses escravos por açúcar, no Brasil.



É, então, possível concluir que a expansão territorial inciada pelos portugueses é considerada "os primeiros passos" para a tão falada actualmente globalização, visto que através dela foi possível o contacto e comunicação com outros povos e outras culturas.




Introdução ao Blog

Bem-vindo(a).

Primeiro de tudo, gostaria de referir que este blog é de carácter reflexivo, cujo objectivo é desenvolver um espírito crítico e, obviamente, reflectir sobre diferentes temas da História.

Utilizando este novo espaço, redigirei os assuntos tratados nas aulas de História B do 10º9ª, da Secundária José Gomes Ferreira, e a partir de determinado tempo, talvez possa vir a criticá-los.

E assim, tendo início hoje, começarei a visitar e actualizar o Blog pelo menos uma vez por semana com aquilo que aprendi em cada aula, tal como farei na próxima entrada do blog.