quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

A hegemonia económica britânica

      Como já referido, a Inglaterra durante o séc. XVII verificou um grande desenvolvimento económico, tendo mesmo superado a Holanda já no séc. XVIII. Aderiu, pois, ao mercantilismo através do Acto de Navegação de Cromwell, na mensagem abaixo descriminado, com a finalidade de gerar uma independência económica face à Holanda. Esta medida mercantilista inglesa foi um passo bastante importante no desenvolvimento manufactureiro, devido ao investimento na indústria naval. Este desenvolvimento constituiu um dos factores condutores à hegemonia económica britânica.
      Contudo, a explosão demográfica que teve lugar no decorrer do séc. XVIII, consequente da diminuição da mortalidade provocada pelas inovações no campo da medicina, pela melhoria das condições higienico-sanitárias e pelo facto de haver uma melhor alimentação (introdução da batata na alimentação da população, bem como da carne fornecida pela criação de gado), beneficiou o desenvolvimento da manufactura, através da libertação de grande parte de mão-de-obra para as oficinas manufactureiras. Esta foi, pois, uma das medidas tomadas durante a Revolução Agrícola, que foi necessária para o arranque da Revolução Industrial.
      Portanto, durante esta Revolução Agrícola, foram aplicadas várias medidas como a criação de enclosures (vedações) para o gado, libertando-se a mão-de-obra que anteriormente trabalhava no campo a vigiar o gado, e se deslocava para as cidades (essencialmente Londres), que possuíam melhores condições urbanísticas - urbanização. Além disto, o desenvolvimento da maquinaria (criação da máquina a vapor, por exemplo) e o facto de se anexarem baldios para aumentar as áreas cultiváveis, acabando assim com os pequenos proprietários, permitiram a libertação de ainda mais mão-de-obra para trabalhar nas oficinas das cidades. Juntando a tudo isto, desenvolveu-se o sistema quadrienal de rotação de culturas que substituiu o anterior sistema trienal, aumentando a produção e tornando os produtos mais baratos devido à produção em massa. Além disto a agricultura servia como um meio de abastecimento das oficinas manufactureiras com matérias-primas, que tanto podiam ser obtidas no próprio país (se tivesse alguma fonte) ou sendo uma excepção nas importações. Ainda ligada à Revolução Agrícola, a criação de instrumentos de ferro, mais resistentes do que os de madeira, melhoraram o cultivo das terras e estimularam a indústria, contribuindo para a Revolução dos Transportes, igualmente importante devido à facilidade da distribuição dos produtos para os mercados não só interno, mas também externo.


Revolução dos Transportes: Locomotiva a vapor


                                         Máquina a vapor de James Watt


      Entre os restantes factores que levaram a Inglaterra a ascender, está a sua crescente prosperidade financeira, que muitos países europeus não conseguiram alcançar. Tendo uma moeda cujo valor era bastante estável (a libra esterlina), a Inglaterra ganhou a confiança extrema de muitos mercadores, que frequentemente recorriam ao Banco de Inglaterra, situado na próspera cidade de Londres. Este banco foi o primeiro a emitir notas (produção de dinheiro), aceitando também depósitos, operações de transferência e desconto de letras de câmbio. Sendo um banco de depósitos, qualquer indivíduo podia depositar pequenas poupanças que poderiam vir a criar empresas. Era, pois, um estímulo ao investimento, pois o dinheiro depositado ao ser emprestado gerava mais dinheiro depois de devolvido, e Londres tornou-se um importanto centro económico, substituindo Amesterdão. Assim, "tudo ia lá dar, e tudo de lá saía de novo, quer para o mercado interno, quer para fora", como afirmava Fernand Braudel.

      Esta prosperidade financeira faltou, porém, em bastantes países europeus, cuja organização bancária era deficiente, ou seja, não havia um desenvolvimento do sistema capitalista-financeiro, devido ao não incentivo às poupanças privadas, o que impedia assim o investimento necessário ao desenvolvimento económico.


Londres - séc. XVIII


      Finalmente, a criação de Companhias monopolistas inglesas, como a Companhia das Índias Orientais, permitiu à Inglaterra a detenção do exclusivo comércio com a Índia, por um preço que os ingleses decidiam. Ao obter e trabalhar as matérias-primas em excesso, a Índia foi ainda capaz de desenvolver as manufacturas ao ponto de as produzir e exportar dentro do próprio país. A Inglaterra criou, ainda, colónias numa parte de África e da América, participando assim no chamado comércio triangular e no tráfico negreiro. Exportava os seus produtos para a África, trocando-os por escravos, que eram transportados para as minas da América. Daí, eram importados produtos como o açúcar, o tabaco, o algodão e os metais preciosos.

      A Inglaterra benificiou, desta maneira, tanto com o comércio interno, como com o comércio externo, produzindo manufacturas em massa, e conseguindo que grandes quantidades de metais preciosos dessem a sua entrada no país. Tudo isto foi possível devido à sua burguesia dinâmica que sabia, pois, investir no desenvolvimento económio e financeiro do país, tornando Londres no centro da economia, e Inglaterra na primeira grande potência.

domingo, 21 de novembro de 2010

A origem e expansão do Mercantilismo e Proteccionismo

      A Holanda, que muito prosperou durante os séc. XVI e XVII devido ao comércio e transporte de mercadorias, mas também por não ter sido atingida pela vaga de guerras que se havia abatido sobre a maioria dos países da Europa durante estes séculos, e por ter conseguido desenvolver bastante a manufactura, pôs em prática um novo modelo e sistema económico: o Mercantilismo e o Proteccionismo.      
      Para promover o primeiro, foi necessária a tomada de medidas proteccionistas, isto é, a cobrança de taxas aduaneiras sobre as importações, para que se dispendesse pouco dinheiro nestas, "protegendo" assim os produtos nacionais das importações ao estrangeiro, já que o Mercantilismo defendia que a riqueza de um país se determinava através da abundância de metais preciosos (ouro e prata) que um Estado possuía. Assim, o Mercantilismo era a favor do trabalho e das trocas comercias, que aumentavam as exportações e enriqueciam o país, e tornou-se mais evidente com o reforço do Absolutismo. Este era um sistema político no qual o Rei detinha todos os poderes, ao qual eram atribuídos pela ordem divina; era assim, o representante de Deus na terra, e o seu poder encontrava-se acima de todos.
      Foi com a introdução do Mercantilismo, que o Rei pôde unificar as suas potências, de modo que os seus poderes fossem unos em qualquer região e que houvesse uma generalização dos preços a nível nacional, facilitando o controlo deste novo modelo económico. Além disto, o comércio das colónias com outros países foi proibido, podendo apenas comercializar com o país que as colonizara.
     
      Todas estas medidas proporcionaram uma balança comercial favorável, isto é, o peso de exportações maior que o das importações, que era o objectivo do Mercantilismo, e em breve os Estados europeus aderiram a este novo modelo, com o fim de responder à prosperidade holandesa e de acabar com a dependência económica resultante do comércio com este país.



                                                                                                                                                                                                           
       O objectivo do Mercantilismo era, portanto, o aumento da riqueza no país. Com o reforço do poder absolutista nos países europeus, o Rei controlava o Estado e incentivava a produção de produtos, especialmente manufacturados, e, portanto, as exportações, atribuindo-lhes prémios e penalizando as importações. 
       Os mercantilistas apostaram também na agricultura (actividade secundária em relação ao comércio), fornecendo bens alimentares à população a preços baixos, de maneira a favorecer os comerciantes, que já não precisavam de pagar tão altos salários aos trabalhadores, podendo investir a sua riqueza no desenvolvimento do país.
       Este modelo económico foi-se rapidamente alastrando, chegando a França e a Inglaterra. Porém foi, naturalmente, introduzido de maneira diferente nestes dois países.


       Na França, foi através do ministro de D. Luís XIII que foi introduzido o mercantilismo.
       Porém, a França era ainda um país rural e católico, pouco dado à inovação, portanto. Contudo, o cardeal Richelieu (ministro de D. Luís) impulsionou a construção naval, com vista a derrotar a concorrência holandesa. Foi, no entanto, Jean-Baptiste Colbert, ministro de Luís XIV, considerado um supremo rei absolutista mas também com uma ligação forte ao Iluminismo, que teorizou o mercantilismo francês no séc. XVII. Colbert teve em vista o desenvolvimento manufactureiro e a expansão do comércio externo, bem como o alargamento das áreas coloniais, de modo a enriquecer a economia francesa.

       Em Inglaterra, as medidas mercantilistas foram introduzidas, no séc. XVII, em resposta à expansão do comércio holandês. Ao contrário da França, o modelo político inglês era diferente do dos outros países da Europa: era uma monarquia estatal, que continha um Parlamento que fazia as leis em benefício da burguesia, principal classe ligada ao comércio e ao desenvolvimento manufactureiro e que sabia investir.
       Oliver Cromwell foi quem decretou uma das mais importantes e favoráveis leis proteccionistas inglesas: o Acto de Navegação. Esta lei proteccionista consistia na proibição de exportações e importações de e para o país feitas em navios estrangeiros. Deste modo, só poderiam ser feitas em navios ingleses; também as regiões e territórios pertencentes a Inglaterra só poderiam comercializar com esta última, sendo abastecidos através de navios ingleses.
       O decreto desta lei originou uma significativa evolução na indústria naval, superando a dos outros países e passando mesmo a alugar navios a Portugal, seu aliado, e sendo favorecida com os produtos vindos das colónias portuguesas que chegavam aos portos de Inglaterra.
       Foi, pois, o desenvolvimento industrial o principal componente que permitiu o crescimento económico em Inglaterra, chegando a superar a Holanda economicamente.


                  Oliver Cromwell                            Jean-Baptiste Colbert

       Nota-se, então, que ao contrário destes dois países, Portugal e Espanha introduziram o mercantilismo muito tardiamente, devido à confiança excessiva posta nos produtos coloniais (pimenta e prata, respectivamente), em vez de apostarem numa burguesia que investia no desenvolvimento manufactureiro e de só terem "despertado" quando o mercantilismo se encontrava já bastante enraízado nos restantes países europeus. Devido a terem sido deixados para trás no seu desenvolvimento económico, o impacto da introdução deste modelo foi muito menor.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Holanda dos séculos XVI-XVII

Os Países Baixos, devido à sua localização geográfica, perto do mar, e no centro da Europa, onde os produtos afluiam, sempre foram muito dinâmicos, mesmo depois de ganharem a independência a Espanha, e se terem organizado numa república conhecida como Holanda.

A partir do séc. XVI, a Holanda verificou um grande desenvolvimento tecnológico. Procederam à construção de diques e canais, que serviam para escoar as águas e secar pântanos, o que beneficiou a agricultura, através da obtenção de terras cultiváveis. Além disto, este sistema de diques e canais permitia uma melhor navegação nos mares. Este país sofreu também um importante desenvolvimento e modernização tanto agrícola como manufactureira. Em relação à agricultura, foi introduzido um sistema conhecido como a rotação contínua de culturas, substituindo, porém, o pousio (descanso das terras durante um longo período de tempo), pelo pasto dos gados. Deste modo, os seus excrementos serviam como fertilizante para os campos. No que toca à parte manufactoreira, os homens especializavam-se nos diferentes passos,  utilizavam novas tecnologias - o moinho - ao contrário do que acontecia na época medieval, em que um homem realizava todos os passos para a produção de uma certa manufactura. Este desenvolvimento levou a uma maior produção, já que produziam mais em menos tempo e, assim, a Holanda superou a sua falta de produtos.
Contudo, não só houve um desenvolvimento agrícola e manufactoreiro, como também se desenvolveu uma indústria ligada à construção naval, no séc. XVII. Foram construídos navios maiores e mais rápidos, e que eram capazes de carregar maiores quantidades de produtos. Estes navios foram bastante úteis no comércio ultramarino que a Holanda realizava com os outros países europeus e restantes continentes, e para a indústria da pesca, que servia como principal alimento dos holandeses, tendo em conta que se abstinham da carne durante uma determinada parte do ano e, desta maneira, usufruiam das rotas pesqueiras.




Por isto se diz que a Holanda dos séculos XVI-XVII era um país dinâmico e que soube realmente aproveitar o desenvolvimento tecnológico e científico, também devido a possuir uma burguesia bastante dinâmica e ligada ao comércio internacional. Acrescentando a isto, esta pequena república beneficiou também com a chegada de povos estrangeiros, principalmente judeus, que nela se abrigavam, devido à tolerância religiosa e alargamento de horizontes culturais, e também da melhoria do nível de vida da população. Os povos que optavam pela Holanda, traziam novos costumes, conhecimentos, espírito trabalhador e, mais importante ainda, capitais, que eram necessários no desenvolvimento económico.

Podemos dizer assim que, ao contrário de Portugal e Espanha que deixaram de ser países de prestígio em meados do séc. XVII, o povo holandês investia o seu lucro no desenvolvimento do país e tornou-se próspero. Esta prosperidade permitiu a uma das suas cidades, Amesterdão, tornar-se o centro do comércio e economia a nível mundial e substituir assim Sevilha e Lisboa. Isto foi possível porque esta cidade possuía um excelente porto, um dos maiores canais navegáveis da Holanda  e uma rede de estradas terrestres e fluviais (como se pode verificar na imagem abaixo) que favoreciam o comércio.


Deste modo, os produtos coloniais afluiam a Amesterdão e aí eram realizadas as trocas de mercadorias e, posteriormente, de capitais, já que para se realizar o comércio colonial era necessário grandes quantias de dinheiro. A acumulação de capitais em Amesterdão, originou a necessidade de se criar um estabelecimento onde havia trocas apenas de capitais: as bolsas financeiras, como a Bolsa de Amesterdão. Assim, depois das trocas de mercadorias, os comerciantes deixavam o dinheiro nestes locais e este serviria para a realização de empréstimos a outros mercadores para as suas trocas comerciais. A isto chamava-se o capitalismo comercial e financeiro, introduzido pelos holandeses, que funcionava através do comércio e dos movimentos do capital, que passam ambos a dar lucro. Por outro lado, foram desenvolvidos novos mecanismos e estabelecimentos financeiros como as sociedades por acções, que eram constituídas por pessoas que possuíam capitais e se juntavam por interesses económicos para investir. Duas importantes sociedades deste tipo, foram a Companhia das Índias Orientais, que controlava o tráfico com o Oriente, e a Companhia das Índias Ocidentais, que controlava o tráfico com as Américas e África. Estas companhias mercantis teriam um papel fulcral na constituição do Império colonial holandês. Foi também criado, no séc. XVII, um importante banco, conhecido a nível mundial: o Banco de Amesterdão. Neste realizavam-se transferências, empréstimos e investimentos e funcionava, por isso, como banco central de toda a Europa.


Todas estas novas inovações financeiras, proporcionaram a Amesterdão um controlo de todos os produtos coloniais e o transporte das mercadorias a nível europeu. Assim, a primeira área que puderam controlar foi a região do mar Báltico. O comércio nesta região foi possível devido à evolução da tecnologia náutica, que permitia à Holanda uma melhor deslocação nos mares. Esta, comprava os produtos alimentares e matérias-primas a preços mais baratos, e transportava-os para todos os mercados europeus. Interessava-lhe, além disto, o comércio colonial que tanto o Império Português como o Espanhol mantinham com as Índias, África e América, comprando a prata aos espanhóis e os produtos exóticos aos portugueses, para depois abastecer os restantes países da Europa, aos quais os vendia a preços mais baratos. Esta medida garantiu mais lucro, visto que havia uma maior venda. Também o mercado italiano, que anteriormente dominara o comércio marroquino, foi substituído pelo mercado holandês, já que os italianos enfrentavam hostilidades entre as suas repúblicas na época.
O investimento feito na Holanda, através do lucro obtido nas vastas trocas comerciais, forneceu-lhe condições para se aguentar economicamente e, desta maneira, entrou em guerra com a Espanha pela sua independência, também devido a esta última lhe ter fechado os portos de Sevilha e Lisboa (visto que Portugal estava sobre domínio espanhol na altura), que lhes favoreciam os produtos essenciais para o seu comércio. Foi desta maneira que os holandeses decidiram construir um império colonial.
A constituição do Império comercial holandês foi feita através do comércio, pois os mercadores holandeses pagavam melhor do que os portugueses e espanhóis aos seus comerciantes e estes desviavam as suas frotas para a Holanda; e através da força militar, devido a terem um grande número de homens armados na Índia, Américas e África, conquistando territórios aos Impérios ibéricos:




Neste processo, as Companhias das Índias tiveram um papel fulcral, já que conseguiram o monopólio dos produtos coloniais, e o Estado concedeu-lhes o comércio exclusivo em certas regiões. Os Holandeses tomaram parte, assim, do comércio colonial, gerando assim mais lucro e mais dinheiro que entrava no país.

sábado, 16 de outubro de 2010

Os Impérios Português e Espanhol: do lucro à decadência

Os impulsionadores da Expansão Marítima, como havia mencionado antes, foram os países ibéricos. Porém, estes optaram por diferentes maneiras de comercializar. Portugal, devido à reduzida população que possuia, optou por ir ao encontro dos povos africanos e tentar comercializar através da comunicação. Além deste tipo de penetração, também construíram postos de comércio - as feitorias-fortaleza ou apenas feitorias - as quais devido à sua localização geográfica, perto do mar, recebiam os produtos e mercadorias vindos dos barcos. Os principais produtos comercializados para Portugal eram o ouro e os escravos no séc. XV, sendo que o ouro vinha de feitorias como a de Arguim e da Mina, e os escravos vinham, inicialmente, do Congo e depois de Angola, devido à sua condição geográfica, mais próxima do litoral.

Foi também no séc. XV que foi descoberto o caminho marítimo para a Índia, por Vasco da Gama, e foi possível, deste modo, realizar-se o comércio de especiarias com o Oriente. Porém, ao contrário dos povos de África, foi complicada a comunicação com os povos do Oriente, já que estes estabeleciam comércio com os povos muçulmanos e, como se tem conhecimento, estes haviam já andado em guerra com os portugueses.
Assim, de modo a garantir o comércio com a Índia, foram criadas colónias governadas por capitães sob orientação do vice-rei, que eram povoadas por colonos vindos da metrópole (o que facilitava o seu controlo, já que estes colonos estavam já habituados à presença dos portugueses no seu território) e protectorados governados por príncipes indígenas, provavelmente filhos de nobres, aliados ao rei de Portugal, que possuiam fortalezas ou outros territórios de população portuguesa. Estes dois estabelecimentos, eram criados para tributar ou cobrar impostos sobre os produtos que aí chegavam. Porém, nas feitorias feitas noutros países, que se destinavam exclusivamente ao comércio, os portugueses deveriam pagar impostos aos soberanos destes países.



A detenção do comércio com o Oriente proporcionou ao Império Português o total controlo do comércio marítimo - monopólio régio - e, deste modo, os outros países apenas poderiam comercializar com a Índia com a autorização dos portugueses.

Procedeu-se à criação da Casa da Índia, centro de todo o comércio marítimo e administração do Império, que estava sob a supervisão do Estado português e controlava todo o tráfego de mercadorias de e para o Império, e as tributava. Com isto, o Rei de Portugal pôde controlar todo o comércio, lucrando com os impostos pagos sobre os produtos, e tendo ordenado que nenhum feitor ou qualquer outro indíviduo pudesse tomar posse de qualquer produto, ou levá-lo de ou para qualquer lugar sem ter sido tributado, sob pena de perder a sua casa e suas possíveis terras.



Isto iria benificiar o Império, em termos que o Rei possuía o registo de todos os produtos a circularem para dentro e fora do país, e ainda conseguia que algum dinheiro entrasse, através dos tributos impostos nas mercadorias.


Contudo, a Nobreza, cuja função era principalmente participar na guerra e servir o Rei em tarefas administrativas, ao ver que podia lucrar e fazer fortuna na mercancia, e sendo uma classe interesseira, decidiu tomar os cargos ligados à Expansão. Porém, esta classe não investiu o lucro no desenvolvimento do país, o que mais tarde foi prejudicial e incentivou um atraso no desenvolvimento de Portugal em relação aos restantes países europeus, e aplicou a sua fortuna em bens sumptuosos e em distracções.
Contrária à Nobreza, estava a Burguesia - classe social que bastante lucrou com a expansão ultramarina, já que detinha grande parte do comércio externo nacional. Porém, esta classe, constituída por pequenos-burgueses que continham fortuna, teve várias dificuldades em afirmar-se, já que não só haviam indivíduos estrangeiros que vinham para Portugal atraídos pelos lucros e privéligos, e que dispunham de uma maior fortuna e técnicas do que os Portugueses, mas também devido à falta de capitais. Os nobres e a Coroa eram os únicos responsáveis pelo investimento, o qual era feito através de actividades dispendiosas, e Portugal era um país que não investia frequentemente.

Outro problema presente no Império, era a emigração da população portuguesa, em busca de conseguir criar uma pequena fortuna nos países estrangeiros, no séc. XVI. Estes, lucravam fora de Portugal, e não investiam no país de origem. Porém, devido ao contacto com outros povos, aqueles que regressavam com 'os bolsos cheios', traziam com eles novas culturas e tradições.




Em relação ao Império Espanhol: este teve uma diferente maneira de comercializar. Procedeu à força das armas, à conquista e colonização de territórios da América no séc. XVI. Escravizaram os índios americanos que, posteriormente, ficariam a trabalhar nas minas na exploração de metais preciosos: o ouro e a prata. O saque destes metais, no início, foi escasso, como se observou num gráfico na aula, já que os índios escravos não estavam habituados à escravatura e, também devido às condições a que eram sujeitos, ficavam mais receptivos a doenças e acabavam por morrer.





Contudo, o ouro e a prata eram metais raros e preciosos, pelo que Sevilha, cidade de onde as primeiras caravelas espanholas haviam partido para a Expansão, se tornou o novo centro de comércio, mais importante do que Lisboa. Isto levou à criação de uma instituição similar à Casa da Índia: a Casa da Contratação, que tinha as mesmas funções que a Casa da Índia, mas pertencia ao Império Espanhol, que passaria a deter também o monopólio régio.

Para garantir que não haviam guerras entre Portugal e Espanha devido aos territórios ocupados ou por ocupar, foi assinado um Tratado - o Tratado de Alcáçovas, em 1480, que dividiu o Globo em duas partes, pertencendo os territórios a sul do Cabo Bojador a Portugal e as terras a Norte desse Cabo pertenciam a Espanha, exclusivé o Arquipélago da Madeira e dos Açores. Apesar disto, só ao assinarem o Tratado de Tordesilhas, em 1494, é que Portugal e Espanha marcaram definitivamente as suas áreas de expansão e comércio. Pensa-se que na altura, Portugal já teria conhecimento do caminho marítimo até ao Brasil, já que apenas 6 anos mais tarde foi oficializada a descoberta do mesmo, que pertencia a território português.



Na imagem acima pode verificar-se que a proposta espanhola abrangia a região do Brasil, na altura conhecida por Portugal, que provavelmente, terá apresentado outra proposta.

Este tratado, veio também garantir a exclusiva navegação nos mares do mundo, ao contrário dos outros países, que teriam de pagar impostos para neles comercializarem. Esta doutrina designava-se por Mare Clausum, ou Mar Fechado. Contudo, países como a Holanda e a Inglaterra, futuros grandes centros de comércio, opuseram-se a esta medida, passando então a chamar-se Mare Liberum ou Mar Livre.



Com o passar dos anos, e devido à condição geográfica em que se encontravam, Portugal e Espanha entraram em "decadência". Estes, situavam-se longe dos grandes centros de comércio, onde o desenvolvimento acontecia com grande rapidez. Além disto, as mercadorias começaram a chegar a Portugal e Espanha apenas de passagem, tendo destino países como a Holanda ou a Inglaterra, que compravam os seus produtos.  Deste modo, o lucro e o investimento não chegavam a estes dois Impérios anteriormente importantes.

Foi a partir do séc. XVII que Portugal deixou de ser um país de prestígio. Porém, ainda hoje existem provas (monumentos) que indicam que Portugal teve, realmente, momentos ricos durante a Expansão.


Mosteiro dos Jerónimos, a que chamavam Mosteiro da Pimenta devido ao comércio das especiarias.

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Iniciando a História

Embora já tenhamos começado a falar de História há perto de um mês, e devido à criação adiada do Blog, só começarei a escrever hoje, fazendo uma breve revisão dos conceitos estudados nas aulas anteriores.


A verdadeira introdução à História B foi iniciada através da leitura de determinados documentos.
Um deles falava da memória colectiva e da memória histórica. Memória colectiva é a recordação ou conjunto de recordações de uma experiência vivida ou mitificada por uma determinada colectividade viva cuja identidade integra o passado. Ou seja, feitos e experiências que ficam na memória de um determinado grupo, família, nação, e que tiveram uma determinada importância para este. Em contrapartida, a memória histórica é uma memória unitária, comum a todo o Mundo, relacionada com o Saber e a Ciência.


Foi também lido um documento o qual nos explicava a importância e utilidade da História. O estudo desta Ciência permite-nos a localização de certos acontecimentos no espaço e no tempo, além de nos ajudar a compreender os antecedentes e precedentes de certos problemas do passado, de modo a evitá-los ou a arranjar uma solução para os do futuro.



Mais tarde, falámos da importância da periodização, que dividia o tempo histórico em 4 idades: Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea, que são importantes para o historiador localizar e organizar os determinados acontecimentos nos devidos períodos.
Também a tridimensionalidade do tempo é necessária para a compreensão da História, isto é, o tempo curto, o tempo médio e o tempo longo. O tempo curto, ao qual não se atribui tanta importância, define o acontecimento em estudo. O tempo médio define as consequências do referido acontecimento. E, por fim, o tempo longo define as possíveis mentalidades, ideais ou problemas ainda presentes hoje em dia, que estejam relacionados com o mesmo, ou algo que tenha levado tempo, mas que tenha causado uma mudança notória no presente (exemplo da evolução da tecnologia).
  



Depois da análise de alguns gráficos e documentos, foi possível, além de tudo isto, perceber que a diversidade de ritmos é algo a ter em conta no estudo da História. Nem todos os países/povos têm o mesmo ritmo de desenvolvimento. Aliás, hoje em dia, é possível notar as diferenças, até mesmo no nível de vida, de determinados países. E num determinado local onde a evolução tenha ocorrido a um ritmo acelerado, noutro talvez esta evolução ainda esteja em processo.



Nas aulas mais recentes, iniciámos o estudo do séc. XVI-XVII. Neste período, a base da Economia e da população era essencialmente a actividade agrícola. Porém, o crescimento demográfico acelerado e a deslocação e concentração das pessoas nas cidades, puseram em causa a sustentação alimentar das populações, o que levou à procura de uma outra actividade que satisfizesse as suas necessidades alimentares. Foi, então, desenvolvida uma indústria ainda muito ligada à agricultura, embora os centros ficassem nas zonas urbanas. Estas, cresciam cada vez mais, devido à população que vinha povoar, em massa, estes centros, já que nestes encontravam uma maior empregabilidade.

Porém, ao longo da Idade Moderna, houve também várias hesitações do crescimento, que tiveram origem nas crises de subsistência e nas crises demográficas. Os acidentes climáticos e as guerras, destruiam as culturas de subsistência, e desta maneira, não havia produção, logo, não havia alimento. Isto, enfraquecia os organismos da população, que ficava assim mais exposta a doenças e pestes. Em contrapartida, quando a produção era escassa, os alimentos tornavam-se mais caros, tal como foi possível verificar num gráfico estudado na aula, em que o preço do trigo e a mortalidade desciam e subiam ao mesmo ritmo. Todos estes factores em conjunto, contribuiram para um aumento da mortalidade e uma descida da natalidade.


Por fim, iniciámos o estudo da Expansão Ultramarina, que foi impulsionada pelos países ibéricos (Portugal e Espanha), com diferentes objectivos.
Portugal tinha como objectivo a exploração comercial e a dispersão territorial, e partiu assim, em 1415, para a expansão, visto que necessitava de produtos para manter a subsistência da sua população. Mais tarde, tendo já explorado diversas regiões de África como a Guiné, Angola e Moçambique, e tendo descoberto o Brasil, foi possível desenvolver um Comércio Triangular. Este, consistia na troca de produtos europeus por escravos, em África, e posteriormente a troca desses escravos por açúcar, no Brasil.



É, então, possível concluir que a expansão territorial inciada pelos portugueses é considerada "os primeiros passos" para a tão falada actualmente globalização, visto que através dela foi possível o contacto e comunicação com outros povos e outras culturas.




Introdução ao Blog

Bem-vindo(a).

Primeiro de tudo, gostaria de referir que este blog é de carácter reflexivo, cujo objectivo é desenvolver um espírito crítico e, obviamente, reflectir sobre diferentes temas da História.

Utilizando este novo espaço, redigirei os assuntos tratados nas aulas de História B do 10º9ª, da Secundária José Gomes Ferreira, e a partir de determinado tempo, talvez possa vir a criticá-los.

E assim, tendo início hoje, começarei a visitar e actualizar o Blog pelo menos uma vez por semana com aquilo que aprendi em cada aula, tal como farei na próxima entrada do blog.