domingo, 23 de janeiro de 2011

Os Estados Absolutos

Habitualmente ao falar de Mercantilismo, está implicado o sistema político do Absolutismo, que vigorou na Europa no séc. XVII, excepto na Inglaterra e na Holanda, que permaneciam regimes parlamentares (era eleito um Parlamento, principalmente constituido por burgueses, cujas decisões o Rei teria de respeitar).
Absolutismo implicava a centralização dos três poderes - Legislativo, Executivo e Judicial - nas mãos de uma só entidade: o Rei. Acreditava-se que o seu poder, total e paternal, tinha-lhe sido atribuído pela ordem divina, e que por isso mesmo o Rei era o representante de Deus na Terra. É notório, logo à partida, o poder que a Igreja exercia sobre a sociedade, e a ligação que esta tinha ao Estado.



Porém, antes de mais, o sistema económico que vigorava nos Estados Absolutos era, como referido, o Mercantilismo, visto que o Rei poderia ter um controlo total sob a economia do país, dos preços e mercados a nível nacional, embora seja preciso realçar que isto não era obrigatoriamente um benefício. Pelo contrário, a riqueza obtida era muitas vezes gasta em coisas fúteis, o que reflectia um regime oligárquico - o poder era exercido por um grupo social rico, que gostava de ostentar o seu poder.

O papel do soberano, no Absolutismo, era quase que impôr a sua vontade aos mais poderosos dos seus súbditos (nomeadamente a Nobreza), pois caso estes não respeitassem o Rei, então certamente as classes mais baixas também não respeitariam. A Nobreza, no entanto, disputava a confiança do Rei, de modo a se aproximar mais dele e, deste modo, ter prestígio. Disputando também esta confiança, a Burguesia tornava-se também mais próxima do Rei, com a finalidade de ascender a uma posição mais elevada.
O soberano passou a optar por ser mais próximo da Burguesia, já que esta o podia financiar, ao contrário da Nobreza, que só lhe dava despezas, com as regalias que 'reclamava'. A Burguesia começou assim a fundir-se com a Nobreza, e por outro lado, esta última que começava a perder dinheiro, para sobreviver aceitou cargos comerciais, que não eram muito bem vistos, o que pode não ter sido muito benéfico, já que faltava dinâmica a esta classe.

Vigorava uma sociedade de ordens (Nobreza, Clero e Povo; a Burguesia havia ascendido do Povo, mas ainda não era considerada uma ordem), cujas classes superiores eram privilegiadas. Ao passo que a Nobreza e o Clero eram isentos de alguns impostos, o povo era aquela que menos beneficiava, tendo de sustentar as outras classes e de pagar os altos impostos ao Estado.



O povo "carrega" com a nobreza e o clero


Porém, apesar de toda a desigualdade bem visível nesta sociedade, devido à influência da Igreja, isto era considerado algo normal. Havia a ideia de que Deus tinha criado uma sociedade desigual no Mundo, pois era uma imagem que tinha sido transposta do Céu para a Terra. Assim, era também condenada a mobilidade social, visto que o pobre permaneceria pobre e o rico permaneceria rico.
Deste modo, para distinguir a que classe se pertencia, os trajes eram também decididos a rigor. Todas as classes sabiam o que tinham de vestir e, por exemplo, se um cidadão do povo se vestisse como um nobre, ainda "levava por cima". Esta desigualdade, porém, virá a ser contestada mais tarde, na época do Iluminismo.

Em termos de uma visão política na vida social, o Rei que detinha todos os poderes, não era capaz de fazer uma distinção entre eles. Haviam as Cortes, que detinham todas as funções do aparelho da administração central, possibilitando ao Rei um controlo directo sobre este; porém, estas Cortes não exerciam absolutamente nenhuma influência nas decisões que o Rei tomava.
Assim, este podia exercer o poder Legislativo, Executivo e Jurídico da maneira que queria, sem que tivesse de ser questionado, e muitas vezes, as classes altas eram beneficiadas com isto, ao ponto que as mais baixas eram prejudicadas, devido à extrema desigualdade da sociedade de ordens.

Finalmente, numa visão cultural, e visto que a Religião exercia grande poder na sociedade, a Ciência não era propriamente 'apoiada', tal como o prestígio e lucro, que eram condenados pela Igreja.
Todos os livros estrangeiros sobre Ciência eram minuciosamente analisados, e era decidido quais aqueles que poderiam ou não dar entrada no país. Além disto, nem todas as classes poderiam ter acesso ao Ensino, nomeadamente o povo. Era, pois, uma sociedade analfabeta.


- O exemplo de França: Luís XIV, o Rei Sol

Luís XIV foi um grande Rei absolutista francês, que estava, portanto à frente de tudo e tinha o controlo de tudo o que se passava no seu reino. A vontade do Rei era uma prioridade, e ele dava-se mesmo ao luxo de desprezar as classes mais poderosas da Nobreza que pretendiam ganhar uma proximidade com ele.


De modo a poder ostentar a sua riqueza e poder que simbolizava a grandeza do soberano, Luís XIV foi responsável pela construção do Palácio de Versalhes, em Paris, considerado um dos maiores do Mundo. Este contém uma sala, a sala dos espelhos, que se acredita que simbolize o controlo e visão total do Rei sobre tudo. 




Palácio de Versalhes, Paris


Sala dos espelhos, Palácio de Versalhes



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