segunda-feira, 1 de novembro de 2010

A Holanda dos séculos XVI-XVII

Os Países Baixos, devido à sua localização geográfica, perto do mar, e no centro da Europa, onde os produtos afluiam, sempre foram muito dinâmicos, mesmo depois de ganharem a independência a Espanha, e se terem organizado numa república conhecida como Holanda.

A partir do séc. XVI, a Holanda verificou um grande desenvolvimento tecnológico. Procederam à construção de diques e canais, que serviam para escoar as águas e secar pântanos, o que beneficiou a agricultura, através da obtenção de terras cultiváveis. Além disto, este sistema de diques e canais permitia uma melhor navegação nos mares. Este país sofreu também um importante desenvolvimento e modernização tanto agrícola como manufactureira. Em relação à agricultura, foi introduzido um sistema conhecido como a rotação contínua de culturas, substituindo, porém, o pousio (descanso das terras durante um longo período de tempo), pelo pasto dos gados. Deste modo, os seus excrementos serviam como fertilizante para os campos. No que toca à parte manufactoreira, os homens especializavam-se nos diferentes passos,  utilizavam novas tecnologias - o moinho - ao contrário do que acontecia na época medieval, em que um homem realizava todos os passos para a produção de uma certa manufactura. Este desenvolvimento levou a uma maior produção, já que produziam mais em menos tempo e, assim, a Holanda superou a sua falta de produtos.
Contudo, não só houve um desenvolvimento agrícola e manufactoreiro, como também se desenvolveu uma indústria ligada à construção naval, no séc. XVII. Foram construídos navios maiores e mais rápidos, e que eram capazes de carregar maiores quantidades de produtos. Estes navios foram bastante úteis no comércio ultramarino que a Holanda realizava com os outros países europeus e restantes continentes, e para a indústria da pesca, que servia como principal alimento dos holandeses, tendo em conta que se abstinham da carne durante uma determinada parte do ano e, desta maneira, usufruiam das rotas pesqueiras.




Por isto se diz que a Holanda dos séculos XVI-XVII era um país dinâmico e que soube realmente aproveitar o desenvolvimento tecnológico e científico, também devido a possuir uma burguesia bastante dinâmica e ligada ao comércio internacional. Acrescentando a isto, esta pequena república beneficiou também com a chegada de povos estrangeiros, principalmente judeus, que nela se abrigavam, devido à tolerância religiosa e alargamento de horizontes culturais, e também da melhoria do nível de vida da população. Os povos que optavam pela Holanda, traziam novos costumes, conhecimentos, espírito trabalhador e, mais importante ainda, capitais, que eram necessários no desenvolvimento económico.

Podemos dizer assim que, ao contrário de Portugal e Espanha que deixaram de ser países de prestígio em meados do séc. XVII, o povo holandês investia o seu lucro no desenvolvimento do país e tornou-se próspero. Esta prosperidade permitiu a uma das suas cidades, Amesterdão, tornar-se o centro do comércio e economia a nível mundial e substituir assim Sevilha e Lisboa. Isto foi possível porque esta cidade possuía um excelente porto, um dos maiores canais navegáveis da Holanda  e uma rede de estradas terrestres e fluviais (como se pode verificar na imagem abaixo) que favoreciam o comércio.


Deste modo, os produtos coloniais afluiam a Amesterdão e aí eram realizadas as trocas de mercadorias e, posteriormente, de capitais, já que para se realizar o comércio colonial era necessário grandes quantias de dinheiro. A acumulação de capitais em Amesterdão, originou a necessidade de se criar um estabelecimento onde havia trocas apenas de capitais: as bolsas financeiras, como a Bolsa de Amesterdão. Assim, depois das trocas de mercadorias, os comerciantes deixavam o dinheiro nestes locais e este serviria para a realização de empréstimos a outros mercadores para as suas trocas comerciais. A isto chamava-se o capitalismo comercial e financeiro, introduzido pelos holandeses, que funcionava através do comércio e dos movimentos do capital, que passam ambos a dar lucro. Por outro lado, foram desenvolvidos novos mecanismos e estabelecimentos financeiros como as sociedades por acções, que eram constituídas por pessoas que possuíam capitais e se juntavam por interesses económicos para investir. Duas importantes sociedades deste tipo, foram a Companhia das Índias Orientais, que controlava o tráfico com o Oriente, e a Companhia das Índias Ocidentais, que controlava o tráfico com as Américas e África. Estas companhias mercantis teriam um papel fulcral na constituição do Império colonial holandês. Foi também criado, no séc. XVII, um importante banco, conhecido a nível mundial: o Banco de Amesterdão. Neste realizavam-se transferências, empréstimos e investimentos e funcionava, por isso, como banco central de toda a Europa.


Todas estas novas inovações financeiras, proporcionaram a Amesterdão um controlo de todos os produtos coloniais e o transporte das mercadorias a nível europeu. Assim, a primeira área que puderam controlar foi a região do mar Báltico. O comércio nesta região foi possível devido à evolução da tecnologia náutica, que permitia à Holanda uma melhor deslocação nos mares. Esta, comprava os produtos alimentares e matérias-primas a preços mais baratos, e transportava-os para todos os mercados europeus. Interessava-lhe, além disto, o comércio colonial que tanto o Império Português como o Espanhol mantinham com as Índias, África e América, comprando a prata aos espanhóis e os produtos exóticos aos portugueses, para depois abastecer os restantes países da Europa, aos quais os vendia a preços mais baratos. Esta medida garantiu mais lucro, visto que havia uma maior venda. Também o mercado italiano, que anteriormente dominara o comércio marroquino, foi substituído pelo mercado holandês, já que os italianos enfrentavam hostilidades entre as suas repúblicas na época.
O investimento feito na Holanda, através do lucro obtido nas vastas trocas comerciais, forneceu-lhe condições para se aguentar economicamente e, desta maneira, entrou em guerra com a Espanha pela sua independência, também devido a esta última lhe ter fechado os portos de Sevilha e Lisboa (visto que Portugal estava sobre domínio espanhol na altura), que lhes favoreciam os produtos essenciais para o seu comércio. Foi desta maneira que os holandeses decidiram construir um império colonial.
A constituição do Império comercial holandês foi feita através do comércio, pois os mercadores holandeses pagavam melhor do que os portugueses e espanhóis aos seus comerciantes e estes desviavam as suas frotas para a Holanda; e através da força militar, devido a terem um grande número de homens armados na Índia, Américas e África, conquistando territórios aos Impérios ibéricos:




Neste processo, as Companhias das Índias tiveram um papel fulcral, já que conseguiram o monopólio dos produtos coloniais, e o Estado concedeu-lhes o comércio exclusivo em certas regiões. Os Holandeses tomaram parte, assim, do comércio colonial, gerando assim mais lucro e mais dinheiro que entrava no país.

3 comentários:

  1. É necessário visitar mais vezes o blogue.
    Só uma chamada de atenção, com a divisão do trabalho, a Holanda não só aumenta a sua produção, como por por outro lado dá-se um aumento da produtividade.
    Seria bom explicar nos, como aumento da produção, não é o mesmo que aumento da produtividade.

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