domingo, 21 de novembro de 2010

A origem e expansão do Mercantilismo e Proteccionismo

      A Holanda, que muito prosperou durante os séc. XVI e XVII devido ao comércio e transporte de mercadorias, mas também por não ter sido atingida pela vaga de guerras que se havia abatido sobre a maioria dos países da Europa durante estes séculos, e por ter conseguido desenvolver bastante a manufactura, pôs em prática um novo modelo e sistema económico: o Mercantilismo e o Proteccionismo.      
      Para promover o primeiro, foi necessária a tomada de medidas proteccionistas, isto é, a cobrança de taxas aduaneiras sobre as importações, para que se dispendesse pouco dinheiro nestas, "protegendo" assim os produtos nacionais das importações ao estrangeiro, já que o Mercantilismo defendia que a riqueza de um país se determinava através da abundância de metais preciosos (ouro e prata) que um Estado possuía. Assim, o Mercantilismo era a favor do trabalho e das trocas comercias, que aumentavam as exportações e enriqueciam o país, e tornou-se mais evidente com o reforço do Absolutismo. Este era um sistema político no qual o Rei detinha todos os poderes, ao qual eram atribuídos pela ordem divina; era assim, o representante de Deus na terra, e o seu poder encontrava-se acima de todos.
      Foi com a introdução do Mercantilismo, que o Rei pôde unificar as suas potências, de modo que os seus poderes fossem unos em qualquer região e que houvesse uma generalização dos preços a nível nacional, facilitando o controlo deste novo modelo económico. Além disto, o comércio das colónias com outros países foi proibido, podendo apenas comercializar com o país que as colonizara.
     
      Todas estas medidas proporcionaram uma balança comercial favorável, isto é, o peso de exportações maior que o das importações, que era o objectivo do Mercantilismo, e em breve os Estados europeus aderiram a este novo modelo, com o fim de responder à prosperidade holandesa e de acabar com a dependência económica resultante do comércio com este país.



                                                                                                                                                                                                           
       O objectivo do Mercantilismo era, portanto, o aumento da riqueza no país. Com o reforço do poder absolutista nos países europeus, o Rei controlava o Estado e incentivava a produção de produtos, especialmente manufacturados, e, portanto, as exportações, atribuindo-lhes prémios e penalizando as importações. 
       Os mercantilistas apostaram também na agricultura (actividade secundária em relação ao comércio), fornecendo bens alimentares à população a preços baixos, de maneira a favorecer os comerciantes, que já não precisavam de pagar tão altos salários aos trabalhadores, podendo investir a sua riqueza no desenvolvimento do país.
       Este modelo económico foi-se rapidamente alastrando, chegando a França e a Inglaterra. Porém foi, naturalmente, introduzido de maneira diferente nestes dois países.


       Na França, foi através do ministro de D. Luís XIII que foi introduzido o mercantilismo.
       Porém, a França era ainda um país rural e católico, pouco dado à inovação, portanto. Contudo, o cardeal Richelieu (ministro de D. Luís) impulsionou a construção naval, com vista a derrotar a concorrência holandesa. Foi, no entanto, Jean-Baptiste Colbert, ministro de Luís XIV, considerado um supremo rei absolutista mas também com uma ligação forte ao Iluminismo, que teorizou o mercantilismo francês no séc. XVII. Colbert teve em vista o desenvolvimento manufactureiro e a expansão do comércio externo, bem como o alargamento das áreas coloniais, de modo a enriquecer a economia francesa.

       Em Inglaterra, as medidas mercantilistas foram introduzidas, no séc. XVII, em resposta à expansão do comércio holandês. Ao contrário da França, o modelo político inglês era diferente do dos outros países da Europa: era uma monarquia estatal, que continha um Parlamento que fazia as leis em benefício da burguesia, principal classe ligada ao comércio e ao desenvolvimento manufactureiro e que sabia investir.
       Oliver Cromwell foi quem decretou uma das mais importantes e favoráveis leis proteccionistas inglesas: o Acto de Navegação. Esta lei proteccionista consistia na proibição de exportações e importações de e para o país feitas em navios estrangeiros. Deste modo, só poderiam ser feitas em navios ingleses; também as regiões e territórios pertencentes a Inglaterra só poderiam comercializar com esta última, sendo abastecidos através de navios ingleses.
       O decreto desta lei originou uma significativa evolução na indústria naval, superando a dos outros países e passando mesmo a alugar navios a Portugal, seu aliado, e sendo favorecida com os produtos vindos das colónias portuguesas que chegavam aos portos de Inglaterra.
       Foi, pois, o desenvolvimento industrial o principal componente que permitiu o crescimento económico em Inglaterra, chegando a superar a Holanda economicamente.


                  Oliver Cromwell                            Jean-Baptiste Colbert

       Nota-se, então, que ao contrário destes dois países, Portugal e Espanha introduziram o mercantilismo muito tardiamente, devido à confiança excessiva posta nos produtos coloniais (pimenta e prata, respectivamente), em vez de apostarem numa burguesia que investia no desenvolvimento manufactureiro e de só terem "despertado" quando o mercantilismo se encontrava já bastante enraízado nos restantes países europeus. Devido a terem sido deixados para trás no seu desenvolvimento económico, o impacto da introdução deste modelo foi muito menor.

Sem comentários:

Enviar um comentário